Descrição
O primeiro jornal independente no Brasil, o bissemanal Idade D’Ouro do Brazil, foi impresso na tipografia do comerciante português Manuel Antônio da Silva Serva, em Salvador, na Bahia, em 1811.
Este livro-reportagem escrito por um dos nossos principais jornalistas, Leão Serva, que é descendente distante do fundador da Tipografia Silva Serva, mostra o nascimento do primeiro periódico privado no território nacional: dos jornais que o precederam, um, o Correio Braziliense, era editado e impresso em Londres, e o outro, o Gazeta do Rio de Janeiro, era o veículo oficial da Imprensa Régia, trazida para o Rio de Janeiro com a vinda de D. João VI para o Brasil.
Personagem de vida misteriosa, o homem de negócios Manuel Antônio da Silva Serva criou também o que pode ser considerada a primeira revista brasileira de ensaismo nos moldes das influentes Tatler e Spector inglesas do séc. XVIII, a efêmera A Variedades ou Ensaios de Literatura, que durou apenas três números em 1812. Fato curioso é que a revista era redigida pelo expatriado de Portugal, o maçom Diogo Soares da Silva e Bivar, que o redigia da prisão no Forte de São Pedro.
Além do jornal e da revista, a tipografia de Silva Serva, que imprimiu um terço das publicações baianas em mais de três décadas (depois da sua morte, foi dirigida pela viúva e pelos filhos), também foi a maior editora de livros na Bahia. Ele vendia obras impressas em Salvador na Corte, no Rio, e em Portugal. Empreendedor, o tipógrafo não se acanhou em fazer publicações não autorizadas (a Imprensa Régia tinha o monopólio para imprimir grande parte das obras), tendo sido um dos pioneiros na “pirataria” de livros em nosso território.
O ato que autorizou o funcionamento da primeira tipografia e do primeiro jornal privado no país também regulamentou o que pode ser considerado o primeiro manual de redação, pois ele estabelecia um programa do que a gazeta poderia ou não publicar: ela deveria apenas publicar os “factos, sem interpor quaisquer reflexoens”. O ato criou também a figura do censor, o primeiro deles sendo o próprio Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito, governador da capitania da Bahia entre 1810 e 1818. A imprensa no Brasil já nasceu censurada.
Entre outras atividades, Silva Serva foi tesoureiro da Devoção do Senhor do Bonfim e incentivou a venda das “medidas”, hoje chamadas de “fitinhas” do Bonfim, que servem para dar sorte e, ironias da história, para serem usadas como marcadores de livro.
Leão Renato Pinto Serva é jornalista, correspondente da TV Cultura na Europa, ex-correpondente de guerra na Europa do Leste e na África. Foi secretário de redação da Folha de S.Paulo e diretor de redação do Jornal da Tarde. É doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, professor de Ética e Jornalismo na ESPM-SP, autor entre outros de Jornalismo e desinformação (SENAC, 2001), A fórmula da emoção na fotografia de guerra (SESC, 2021) e A batalha de Sarajevo: rebobinada 1992-2012 (Editora Clube do Autor, 2020). Acompanhando o fotógrafo Sebastião Salgado, produziu uma série de reportagens sobre as populações indígenas brasileiras.
AUTOR
ISBN
PÁGINAS
Leão Serva
9786583744128
132